Ela é a pessoa mais velha da Amazônia?
Com mais de 100 anos vividos na floresta tropical, Varî Vãti Marubo caminha com a ajuda de uma vara e, como sempre, descalça.
Por isso, este ano, quando seu povo indígena Marubo marcou reuniões em uma aldeia em que, para chegar, exigiria uma caminhada de 20 quilômetros atravessando riachos, troncos caídos e a floresta densa, todos sabiam que seria difícil para ela participar.
Mas, como faz há um século, Varî Vãti se adaptou à situação. Ela pegou carona no único meio de transporte disponível: as costas de seu filho.
“Tome cuidado comigo!”, ela gritou para o filho, Tama Txano Marubo (todos os Marubo usam o mesmo sobrenome), enquanto ele descia um barranco lamacento com um facão na mão e a mãe nas costas. O peso da idosa esticava um tecido azul ancorado na testa do filho. “Chamem um caminhão para vir me buscar!”, gritou ela para parentes que riam. “Isso é demais”.
Mas ela acabou conseguindo chegar.
Tama Txano Marubo, filho de Varî Vãti, carregou a mãe por cerca de 20 quilômetros na floresta, com a ajuda de um tecido esticado em sua testa.
Além de ser a pessoa mais velha das aldeias Marubo, que reúnem mais de 2.000 membros, Varî Vãti é provavelmente uma das mais velhas a habitar as profundezas da floresta amazônica. Seu documento de identidade, baseado em uma estimativa de um antropólogo, diz que ela completará 107 anos em setembro, mas sua família acredita que ela tenha ainda mais. Outros membros Marubo acreditam que ela tem mais de 120 anos.